Uma das melhores partes de todo início de ano é ler sobre as tendências de marketing. Digo umas das melhores porque é sempre divertido exercitar a futurologia, ver que a tendência do ano passado ainda é tendência (o que prova que ela não se concretizou), ou ver mais do mesmo, que a tendência é o que já está acontecendo há algum tempo. Tomei gosto por tendências quando li ainda na faculdade o livro “O Relatório Popcorn”, de Faith Popcorn, em 1993. Lógico que não vou falar para você lê-lo, mas ainda assim, para mim, na época, foi importante.
Mas vamos voltar a 2021, o ano da recuperação e da antecipação do “pós pandemia”, mesmo que ela ainda não tenha acabado e as vacinas ainda não tenham chegado a uma parcela significativa das pessoas.
Para se manter atualizado sobre tendências é sempre importante consultar mais de uma fonte, eu por exemplo procuro por consultorias de negócios ou grandes empresas de tecnologia. Neste ano optei por duas fontes que deixo aqui para vocês: Deloitte e Google.
Deloitte Insights (post original)
O estudo da Deloitte é bem amplo, completo e estruturado. O estudo apresenta um tema como tendência e o detalha exaustivamente. Para a Deloitte, o que está em jogo agora são:
Propósito — Organizações que sabem porque existem e para quem elas trabalham estão melhor posicionadas para agir neste momento de mudanças, criando uma empresa mais humana para os consumidores e para os trabalhadores;
Agilidade — É o momento dos e das profissionais de marketing equilibrarem a estratégia organizacional e corporativa com todas as ferramentas que estão a sua disposição para termos um marketing ágil de fato. Se a organização fala que é centrada de fato no cliente, vamos demonstrar isso na prática;
Experiência humana — O conceito de velocidade de chegada ao mercado e eficiência deve adotar e abraçar mais conexão com as pessoas, aplicando e demonstrando seus valores para alcançar um mais completo atendimento das necessidades;
Confiança — Vinculado aos itens anteriores, a confiança será estabelecida quando as marcas olharem para aquilo que os consumidores valorizam e não apenas para os consumidores. A confiança será sentida pelos consumidores quando o discurso da empresa for igual às suas ações no mercado. Todas as ações falarão mais alto que o discurso;
Participação — Os e as profissionais de marketing só conseguirão estar a frente de seus concorrentes se suas estratégias conseguirem engajar seus consumidores para um relacionamento mais próximo em diversas atividades e com uma participação ativa no desenvolvimento de novos produtos e serviços, com estes agindo como advogados da marca;
Fusão — As empresas podem ajudar mais as pessoas às quais servem por meio da criação de experiencias inovadoras com parceiras que vão além do atual ecossistema de seu segmento. As necessidades dos consumidores precisam ser revisitadas pois elas evoluíram e sua empresa pode estar ainda no passado. O exemplo que a Deloitte oferece é que as pessoas não querem carros, elas querem ir do ponto A ao B; e
Talento — Os e as profissionais de marketing serão cada vez mais exigidos pois o seu talento será posto a prova, com mais e mais atividades sendo automatizadas e com equipes cada vez mais enxutas. Novas formas de contratação e a complexidade dos atuais workflows pedem mais estratégia, mais investimento na cultura e um compromisso claro da liderança.
Estas tendências apresentadas podem ser consideradas genéricas e não só de marketing, afinal Kotler disse que o marketing é muito importante para ficar restrito ao departamento de marketing.
Think With Google (post original)
Já a publicação do Google foca muito mais no digital e completa bem o material da Deloitte, sendo importante para nós também focar nisso.
Igualdade / Equidade (equidade é um adendo meu para completar o sentido do original em nossa versão brasileira) — Profissionais de marketing devem colocar na agenda os temas sociais e os direitos humanos. A questão do racismo e outras formas de preconceito devem ser encaradas pois os consumidores estão atentos a isso em seus momentos de decisão;
Ética dos dados — A proteção da privacidade e dos dados é cada vez mais crítica e as pessoas esperam que as empresas ajam com respeito e responsabilidade no manuseio e no armazenamento das informações;
Métricas — O marketing de performance só funciona se houver métricas claras e precisas para o negócio e a chegada de um mundo com menos “cookies” apresentará um desafio para os e as profissionais de marketing pois os dados primários serão cada vez mais importantes. Isso só será possível se os consumidores estiverem engajados com a sua marca;
Consumidor em casa — Estima-se que em 2022, mais de 80% do consumo de internet domiciliar seja de vídeo online. Com a mudança do comportamento do consumidor acelerada pela pandemia, abrem-se novas oportunidades para as marcas atingirem seus consumidores onde eles estiverem;
Sustentabilidade — A pandemia reforçou a demanda do consumidor por questões de sustentabilidade e as empresas estão sendo mais cobradas e monitoradas por seus comportamentos. Profissionais de marketing terão que ampliar a transparência de como é o modelo de negócio da companhia;
Aplicativos — No varejo, usuários de aplicativos gastam 3x mais do que outros consumidores em dispositivos móveis e o simples download de um aplicativo já é em si um indicador de afinidade com uma marca;
Confiança — A automação de marketing é uma grande aliada dos e das profissionais de marketing para manter a agilidade do relacionamento, porém as marcas agora deverão estar mais atentas às regras sociais, respeitando o consumidor e seus dados pessoais em um momento que as pessoas usam cada vez mais serviços online. Não jogue a confiança do consumidor no lixo.
Espero que tenham gostado.
Você concorda com estas visões? O que faltou na sua opinião?
Forte abraço!
Artigo originalmente publicado por Mauricio Guimarães em 04/02/2021.
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