Em tempos de Coronavírus e Covid-19, com a quarentena impondo restrições de todos os tipos a todas as pessoas, adotamos em nosso vocabulário o conceito de “novo normal”, aquilo que será normal em algum outro momento que não esse no qual vivemos.
O novo normal é viver o presente pensando no futuro? O presente nunca foi diferente do passado? Nunca aspiramos um futuro diferente, com mais facilidades?
O novo normal é só um futuro com mais dificuldades?
Essas perguntas me surgem todas as vezes que falamos sobre o novo normal que, para mim, é apenas o normal, ou seja, nossa adaptação às mudanças que a vida impõe. E quando falamos sobre negócios ou marketing, a vida e a concorrência nos impõem mudanças todos os dias.
O novo normal do marketing não é tão diferente do antigo normal de 6 meses atrás, tirando que agora nossas reuniões agora são virtuais e passamos menos tempo no trânsito. Estamos todos pressionados por resultados, buscando soluções que nos diferenciem da concorrência, gerindo orçamentos que continuam limitados e buscando consumidores cada vez mais inseguros, seja por conta de questões sanitárias, econômicas ou sociais.
A inovação continua como prioridade na cabeça de qualquer executivo ou executiva e as metodologias ágeis para gestão e desenvolvimento de projetos são competências mais do que necessárias para chegar lá. A inovação é um processo de tentativa e erros, de testes eternos. Coloque seus produtos no mercado o mais rápido possível, teste, aprenda, corrija, lance o próximo produto. Ainda continua sendo bem normal.
Entretanto, vejo que há possibilidades de termos, sim, um novo normal. Um normal 2.0 onde executivos, executivas e empresas estão, ou deveriam estar, mais atento às questões que pressionam de fato a vida nos dias de hoje. E temos alguns exemplos sobre política, saúde, economia para ilustrar:
Luciano Huck se desfez de sua participação no Madero. O eterno “possível candidato” não quer se vincular à empresa cujo sócio majoritário demonstrava falta de empatia com as mortes decorrentes da pandemia.
A publicidade programática está sob averiguação, pois entende-se hoje que é por meio desta técnica que os discursos de ódio estão sendo remunerados nos ambientes digitais. Com a inatividade dos grandes canais, a pressão passou para os anunciantes que começaram a reagir boicotando o Facebook. Este é um primeiro passo dado por Unilever e outras. O próximo passo é atingir em cheio os pequenos sites.
As atitudes de executivos refletem nas empresas. A Smartfit, maior rede de academias da América Latina, vinculada ao processo de Fake News recebeu uma pressão horrível na marca. São milhares de pessoas buscando cancelar os planos que estão suspensos.
O comportamento dos influenciadores é tão importante quanto o tamanho da sua audiência. O caso da Gabriela Pugliesi e seu fxxx-se a vida é emblemático, porém não é o único. Marcas, público e influenciadores começaram a ficar atentos em um ciclo de cobrança e monitoramento que parte de todos os lados.
Não basta ser profissional, ágil e inovador. É preciso ser consciente.
O novo normal no marketing é ser ainda mais responsável e social pois tudo tem uma consequência.
É o conceito de Marketing 3.0 de Kotler levado a sério, ainda que tecnicamente ele, Kotler, já tenha publicado a versão 4.0 em 2017.
Artigo originalmente publicado por Mauricio Guimarães em 07/07/2020.
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